Todo mundo tem seu lado inspirador e inovador, mas há quem saiba usar sua criatividade de maneira mais produtiva. Principalmente no contexto corporativo, essa característica pode ser uma grande responsável por abrir portas em sua carreira. Por isso, procurar meios de se destacar e estimular novos raciocínios é essencial.
Diego Luz, estudante de publicidade e propaganda de Santos (SP), conta como tenta exercitar esse ponto diariamente em seu estágio. “Não é uma tarefa fácil, pois a gente costuma ter alguns bloqueios. Porém, para mim, o simples fato de estar em um ambiente aberto e descontraído, já me ajuda a pensar direito”, comenta.
Quarentena pode atrapalhar o fluxo de pensamentos
Mesmo esse ponto sendo de suma importância para a sobrevivência no mercado, algumas pessoas foram impactadas pela pandemia. “A quarentena tem esgotado o repertório até mesmo dos mais criativos. Afinal, haja ideias novas todos os dias, seja para entreter os filhos em casa ou espairecer a cabeça com uma atividade diferente”, explica a psiquiatra Dra. Danielle Admoni, especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e psiquiatra geral da Unifesp.
Em um determinado momento, de acordo com ela, há um esgotamento mental, aliado ainda com as preocupações trazidas pela crise.
Como funciona o processo criativo?
De acordo com Danielle, essa qualidade é determinada por processos cerebrais complexos envolvendo a interação entre os dois hemisférios cerebrais. “Foi quebrado o mito associando o hemisfério esquerdo como o responsável pelo lógico e realista e o direito pelo criativo e intuitivo. Praticamente todas as áreas estão envolvidas no processo criativo”, afirma a psiquiatra.
Criatividade é diferente de ter uma epifania
Ainda para a especialista, os fatores importantes são os circuitos responsáveis por conectar essas diversas regiões e a forma como eles interagem para produzir toda a nossa mente. Há quem associe a obtenção de novos raciocínios a algo espontâneo, surgindo do “nada”, como um momento de epifania, mas não é bem assim.
Processo complexo
Segundo Danielle, apresentar meios diferenciados de ver determinada circunstância é o resultado final de um processo aprimorado desde a elaboração (consciente e inconsciente) até a realização da ideia. “Uma pessoa altamente criativa é aquela capaz de trazer algo novo ou inusitado, fugindo dos padrões habituais já conhecidos. Isso depende, em parte, da inteligência, das habilidades e da bagagem cultural da pessoa”, expõe.
É preciso ir além
No entanto, para aprofundar essa capacidade, é preciso ir além. “É necessário um objetivo em mente, um desafio, algo para alavancar pensamentos diferenciados. Na pandemia, muitos foram obrigados a se reinventar, pois a situação anterior foi toda modificada. Nesse momento, a habilidade se tornou praticamente uma imposição para contornar as adversidades e ninguém estava preparado para enfrentá-las”, pontua a especialista.
O desafio de ser inusitado
A estimulação desse aspecto começa já na infância, quando se oferece a chance de desenvolver características de modo amplo, diversificado, dando a liberdade de buscar novos interesses e atividades. “Essa abertura a diversas possibilidades permite ter um desenvolvimento mais amplo em comparação a alguém restrito a tarefas comuns, limitadas ou repetitivas”.
Para a psiquiatra, tudo depende da ruptura de possíveis padrões rígidos de pensamento já bem estabelecidos, da criação do interesse por outros modos de experimentar, fugindo daquilo tido como costumeiro. “Muitas vezes, esse desenvolvimento demanda um acompanhamento psicoterápico, até porque, frequentemente, a pessoa não consegue por si mesma fazer essa quebra, esse movimento de liberdade. A boa notícia é: estar aberto ao novo já é um importante passo para se livrar do lugar comum”, finaliza Danielle.
Criatividade é fundamental no estágio. Já pensou fora da caixa hoje?