Como você definiria o ano de 2020? É difícil não pensar nessa questão quando o mundo mudou pela pandemia, todos os continentes foram atingidos e comportamentos inéditos foram impostos pelo novo vírus. Não é possível saber como a história de hoje será contada nos livros de amanhã, entretanto, algumas reflexões sobre o atual momento já surgem. Veja mais!
O passado nos ensina sobre o agora
Nesse aspecto, segundo o historiador Laurent-Henry Vignaud, da Universidade de Borgonha: “uma epidemia sempre é um momento de teste para uma sociedade e uma época.” Assim como as grandes crises de saúde no passado, o coronavírus tem deixado marcas por todo o planeta. A historiadora Virgínia Bastos Carneiro explica: “ao lembrarmos da gripe espanhola, em 1918, e da peste negra, no século XIV, causadoras de profundas transformações sociais naquele período, teremos poucos elementos em comum entre a Europa do final da Idade Média ou então da Primeira Guerra Mundial com a nossa sociedade atual, globalizada e super conectada”, destaca.
Êxodo urbano
Para ela, é preciso analisarmos dois cenários sociais distintos causados, e incrementados, pelo Covid-19. “O primeiro deles é a observação de um êxodo urbano, de características centradas na busca por melhor qualidade de vida. O segundo aspecto define a aceleração do e-commerce, em constante incremento como opção pessoal - e até como sobrevivência dos usuários em reclusão - para abastecimento de bens de consumo”, comenta.
A turbulência das grandes cidades causa problemas significativos de ansiedade e estresse. “Seja pelo efeito nocivo de horas e horas no rush do trânsito de início e fim de expediente, seja pela aglomeração em espaços de compras, falta de tempo para atividades recreativas ou insegurança”, ressalta a especialista.
Um número significativo de famílias impactadas pelo esgotamento aumenta concomitantemente com o número de casos da doença. “Isso contribui para o crescimento da procura de moradas maiores e com área verde, longe dos grandes centros, em cidades de porte médio ou mesmo pequenas e até em zonas rurais. Assim se verifica em alguns países como Estados Unidos, França e Canadá, dentre outros”, afirma Virgínia.
Ela explica como em Nova York, uma das cidades mais atingidas pelo novo coronavírus, observa-se uma tendência de êxodo urbano determinando uma demanda por cidades mais baratas, menores e mais seguras: “o vírus torna os grandes centros urbanos bem mais vulneráveis pela maior densidade populacional. Por exemplo, em Montreal e Toronto, no Canadá, cidades atingidas duramente pela crise sanitária e onde o dia a dia é rápido e envolvente, as inseguranças e restrições tornaram a vida insuportável para alguns moradores. A possibilidade do teletrabalho impulsionou e incentivou muitos deles a trocar a vida turbulenta das grandes metrópoles pela tranquilidade do campo”, diz.
E-commerce
Já em relação ao e-commerce, cujo avanço já vinha em crescente escalada, a partir dos primeiros meses de pandemia disparou de forma exponencial em função das quarentenas, isolamentos sociais e até mesmo pela falta de estoque de certos itens em pontos de vendas habituais. “No Brasil, de acordo com estudos realizados pela Criteo, comprar mercadorias on-line, pedir comidas por serviços de delivery e realizar compras por meio de aplicativos para smartphones estão entre os principais comportamentos adotados por brasileiros durante essa fase”, salienta a historiadora.
Também foi constatado um bom aumento nas compras na recente Black Friday, com um percentual 31% maior quando comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Neotrust/Compre&Confie. “É a confirmação das vendas digitais se estabelecendo como um novo ‘normal’ social e econômico, um modo de consumir muito apreciado pelos consumidores, notadamente pela facilidade da utilização, rapidez e eficácia, delineando vantagens inegáveis”, confirma Virginia.
Novo ambiente socioeconômico
Para Victor Carreiro, consultor de negócios digital e transformação na ICTS Protiviti, a pandemia do Covid-19 nos trouxe de forma mais materializada o quanto nosso ambiente socioeconômico é cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo. “A prova disso é o quanto as instituições avançaram suas transformações digitais antes planejadas há mais de 20 anos e avançaram em dez anos suas ações em basicamente uma semana”, orienta.
Conforme o consultor, estamos vivendo na era da Revolução Digital, a qual caracteriza-se por atividades não lineares. “Para o atual momento, a execução de uma atividade ficará embasada na criatividade e essa passará a ser a característica mais procurada em colaboradores”, destaca.
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