Quem nunca foi trabalhar para esquecer um pouco os problemas deixados em casa e vice-versa? Essa rota de fuga utilizada por muitos de nós no cotidiano foi impossibilitada diante da movimentação das empresas ao trabalho remoto. Afinal, o lar passou também a ser o local de labor, demandando à vida pessoal e a profissional uma coexistência no mesmo espaço.
Como os cenários mudaram
De acordo com Claudia Gimenez, vice-presidente e gerente geral da Concentrix Brasil, o home office e a consequente reorganização do âmbito corporativo já não são mais vistas como uma tendência para as instituições, mas como uma realidade. “Essa, por sua vez, demanda das companhias e dos seus colaboradores flexibilidade, tenacidade e foco nas resoluções de impasses, algumas das características encontradas em pessoas resilientes”, expõe.
Uma capacidade se destaca entre o momento
Contudo, o que é ser resiliente e como isso se traduz no comportamento dos profissionais e líderes dentro das empresas? “Originada do latim, a palavra resiliência significa "voltar ao seu estado original", ou seja, retornar ao funcionamento natural após situações adversas e inesperadas. É importante frisar como ninguém domina essa questão em 100% do tempo”, comenta.
Como transformar sua visão de carreira
Todos nós enfrentamos obstáculos e nos sentimentos frustrados, “mas como respondemos a essas situações é a diferença entre os mais satisfeitos na vida pessoal e no trabalho e aqueles sempre desmotivados à espera de uma grande oportunidade para mudar de vida”, alerta a especialista.
Como desenvolver esse aspecto
Se você se identificou com o último exemplo, não precisa se desesperar. “A boa notícia é: isso pode ser desenvolvido e aperfeiçoado por meio dos nossos hábitos. Um dos exercícios mais eficazes para quem deseja ser mais resiliente é trocar a culpa pela responsabilidade”, explica Claudia.
Segundo a gerente, deixar de dizer "a culpa não é minha, eu avisei por e-mail" por "como eu poderia ter feito isso diferente e evitado essa situação?" é apenas um dos exemplos nos quais é possível se colocar como parte da solução ao invés de apenas se eximir do resultado final.
Laura Carvalho é estudante de psicologia na Unip - Universidade Paulista, de Ribeirão Preto. Ela considera ter uma boa habilidade de “nadar conforme a correnteza”. “É meu principal desafio, como ser humano, lidar com as surpresas e tensões da vida, certo? Por isso, se eu sei me adaptar a cada realidade, provavelmente, vou conseguir superar as adversidades com mais facilidade”, constata.
Mude a maneira com a qual você enfrenta os obstáculos
Essa transformação na maneira de encarar os contratempos, dissabores e frustrações do dia a dia, comuns no trabalho, é fundamental para quem deseja crescer profissionalmente e se manter relevante para as organizações. “O mesmo se aplica aos outros âmbitos da vida: ser flexível e estar apto a se adaptar às mudanças é o segredo das pessoas mais felizes, pois não precisam acionar saídas da realidade para lidar com os problemas, mas os encaram como eles são e buscam crescer com as experiências”, expõe a especialista.
Nos períodos de crise, as grandes mudanças e os desafios apenas acentuam o papel das soft skills nos resultados e desenvolvimento de equipes. “Aprender a ouvir e dar feedback, a pedir desculpas e a desculpar, não criar barreiras aos novos processos e estar aberto a recomeçar são habilidades cada vez mais fundamentais em um mundo de rápidas transformações, mas não constam no currículo das universidades”, conclui Claudia.