Atividades culturais, industriais e estabelecimentos comerciais fechados, além da necessidade de distanciamento e as preocupações econômicas causadas pela Covid-19, impuseram sentimentos de incerteza em muitas pessoas. Embora seja a melhor maneira de prevenir e reduzir os danos causados pelo coronavírus, a situação pode levar a um aumento de problemas de saúde mental.
Segundo pesquisa do Nube realizada em junho, mais de 30% dos jovens afirmaram estar mais ansiosos e inseguros devido à pandemia. Além disso, 26,21% começaram a apresentar alterações constantes de humor. Em outro estudo, feito em maio, 23,75% dos participantes disseram estar ficando depressivos por conta do isolamento.
Esse quadro de angústia tem capacidade de resultar em problemas no sono e também afetar os indivíduos e suas relações sociais, familiares e econômicas. Contudo, sintomas de depressão são comuns em tempos de inexatidão, portanto, ninguém deve se sentir sozinho ou envergonhado.
Reconhecendo as emoções
Para o psiquiatra cooperado da Unimed-BH, Marco Túlio de Aquino, existem maneiras de reconhecer essas questões e de lidar com essas mudanças emocionais. “Identificar de forma realista esses sentimentos é o primeiro passo para a recuperação”, explica.
De acordo com o especialista, manter uma dieta saudável, praticar atividades físicas e dormir bem é muito importante e melhora a imunidade. “As pessoas precisam manter uma atenção redobrada com a saúde, até mesmo como uma ferramenta para estar com a mente aberta e mais bem preparada para enfrentar o ‘novo normal’ já vivenciado”, afirma.
Reinvenção
Na visão de Aquino, reformular-se é uma maneira efetiva de passar pela turbulência e se preparar para o porvir. “A maioria de nós tem a capacidade de se reinventar e recriar. A quarentena está aí para exercermos essa capacidade. Temos a força necessária para nos tornar a melhor versão de nós mesmos. Desenvolvermos a resiliência essencial, independentemente da situação difícil”, orienta.
O profissional também recomenda tentarmos ser mais flexíveis e tolerantes com as adversidades, a fim de diminuir a pressão e nos sentirmos melhor na busca por uma resposta mais adequada para o período atual. “Hábitos de leitura, assistir filmes e séries, cuidar da casa, das nossas coisas. Enfim, dar um sentido diferente o momento. Isso vai nos possibilitar sair de tudo isso de uma forma muito mais tranquila”, detalha o psiquiatra.
Ele destaca: como não existe ainda uma data para a vida “retornar ao normal”, essa expectativa pode ser frustrante. “Precisamos aceitar este momento e tentar construir a melhor forma possível de lidar com tudo isso. Reconhecer e construir uma nova maneira de se viver, mantendo os cuidados necessários para preservar a nossa integridade física e mental”, finaliza.
Dicas de cuidado
Em um período tão complicado, vale tentar diminuir a quantidade de informações desnecessárias, pois isso pode aumentar a angústia. A indicação é buscar se atualizar uma vez ao dia. O excesso de dados é capaz de ativar um estado de alerta exagerado, prejudicando a capacidade do corpo de relaxamento. Assim, procure pensar no isolamento como algo benéfico para o bem comum e lembrar: em breve tudo voltará ao normal.
Outra dica é manter sua agenda de tarefas diárias. Para muitos, o home office é uma novidade com potencial para ser uma experiência nada prazerosa. A melhor opção nesse caso é tentar seguir ao máximo a rotina, mesmo em casa. Organize seu tempo, tire o pijama, faça seu trabalho, mas não esqueça da pausa para o almoço, café, descanso e jamais abra mão do período livre.
Como você está se reinventando nesta pandemia?