No último ano, a saída de brasileiros do país dobrou, se comparado a 2011. Segundo dados da Receita Federal, mais de 18,5 mil pessoas deixaram o Brasil com bilhete só de ida, em busca de melhores oportunidades e qualidade de vida.
Para o consultor financeiro Raphael Cordeiro, sócio da Inva Capital, com o aumento do desemprego, a economia em recessão, a crise ética e a dificuldade em se empreender, ficar aqui voltou a ser sinônimo de decepção. Contudo, há um problema maior, resultante dessa lamentação: “uma potencial perda de talentos em curso”, diz.
Um exemplo desse efeito é o caso do curitibano Vinícius Castagna Lepca, de 18 anos. Primeiro lugar geral histórico no vestibular da Universidade Federal do Paraná, o estudante registrou, em todo o ensino médio, nota superior a 9,8. Porém, a terra tupiniquim ficou pequena para ele. Em busca de melhores perspectivas, Lepca foi em busca de universidades nos Estados Unidos. Aprovado em três instituições, optou por cursar Engenharia Elétrica na Johns Hopkins University, considerada a 11ª melhor do mundo pelo US News & World Report.
Uma pesquisa realizada ano passado revelou o número de alunos brasileiros aprovados em universidades na USA: 34,8% em 2015. Seja pela busca de melhores experiências, novas culturas ou a realização de um sonho, esse índice tende a crescer cada vez mais. “As faculdades americanas querem quem se destaca, não apenas academicamente. Além disso, a maior parte delas têm programas de bolsas para estrangeiros”, afirma Lepca.
Segundo Cordeiro, o efeito dessa “fuga de talentos” é ruim para o país, pois perde trabalhadores. “Os cérebros são os motores do ganho de produtividade de uma nação, e apenas assim é possível aumentar a renda da população”, revela. Todavia, os problemas não param por aí, pois a tendência também gera ainda mais desigualdade social. De acordo com o diretor da PES School e do Projeto Positivo English Solution da Editora Positivo, professor Luiz Fernando Schibelbain, infelizmente essa chance não está disponível para todos. Em geral, países desenvolvidos aceitam imigrantes de alto nível educacional, mas colocam inúmeras barreiras ao recebimento de pessoas com os demais. “Além disso, há um custo considerável, a começar pela passagem aérea e a instalação no novo local. Sem falar na barreira da língua”, afirma o professor.
Embora o inglês seja hoje o idioma mais difundido no mundo, apenas 5% dos brasileiros falam a língua e menos de 1% apresentam algum grau de fluência, segundo pesquisa do British Council.
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